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Contexto, sem texto


Uma figura.


Uma figura com texto, dá contexto.

Sem texto, é o que quiser ver.

Está-se a ver a si próprio, pensando estar a ver algo diferente.


Contexto, em francês: avectexte, em inglês: withtext.

Conclusão: a palavra contexte não existe em francês nem context em inglês.


O contexto que insere é o que aceitou enquanto cresceu, aquilo que aceita e que o rodeia. Convém ser rodeado daquilo que deve pensar, para que veja sempre a mesma coisa, ainda que tudo seja diferente, ou para que veja diferenças, quando tudo é igual.

  • Está o pássaro sózinho?

  • É aquele pássaro o líder do bando?

  • É aquele pássaro ostracizado?

  • É aquele pássaro um terrorista?

Há uma diferença, uma quebra da harmonia... isso todos sabem que irá ver.

Mas sabem que lhe falta o contexto.

O artista da narrativa vai agora pintar, com corezinhas (da sua cabeça) a narrativa.

  • Sai uma cor - segregação. Você foi educado para repudiar a segregação. Sim foi, não minta a si próprio.

    • Sai a narrativa para o quadro - é um pássaro que foi segregado pelos restantes, apenas por ser diferente.

  • Sai uma cor diferente - segregação. Você foi educado para reagir como um cão de Pavlov quando se fala em nazis.

    • Sai a narrativa para o quadro - é um pássaro que tal como os nazis dominaram o bando, de forma a ficarem com um fio inteiro só para eles.

A imagem é a mesma.

Porém, 99% da população reage de forma semelhante a diferentes estímulos. Tem o seu grupo de amigos, esse grupo recebe a narrativa A. Tem outro grupo, esse recebe a narrativa B.

Todos diferentes, todos iguais. Narrativas diferentes, narrativas iguais. Reacções sincronizadas.

  • Qual o maior medo:

    • Ser o pássaro sózinho? - Então você não é um líder. Óptimo, mais uma ovelhinha.

    • Não estar no grupo dominante? - Óptimo, mais uma ovelhinha.

    • Ser visto como dissidente? - Óptimo, mais uma ovelhinha.

Já ouvi essa conversa do rebanho. Sim?

Quando foi a última vez que viu uma injustiça e saiu do rebanho?


Não, não é para ir para o rebanho que luta contra as injustiças catalogadas:

  • fome em África (deixou de ser moda),

  • espécies em extinção (ainda é moda),

  • regimes ditatoriais (passou de moda),

  • poluição (ainda é moda),

  • energia nuclear (passou de moda),

  • aquecimento global (a nova moda, há 25 anos à espera que aqueça),

  • pobreza (não é moda, todos são ricos),

  • racismo (ainda é moda),

  • exploração do trabalho (já poucos trabalham),

  • direitos dos animais (hot topic), etc.

Não! É mesmo daquela injustiçazinha que viu na rua, ou numa instituição, e não fez nada.

Passou ao lado, porque tinha mais que fazer.

Quando foi?

Não se lembra da última vez que se ergueu, não se importando de saber se ficaria sozinho ou acompanhado? Ou faz sempre contas, e cala-se.

Então, provavelmente nunca lutou por nada, apenas escolheu um rebanho de lutas.


Para ter individualidade, o indivíduo tem que saber ser sozinho, tem que saber ser livre.

Para o rebanho, isso é do piorio... se você não é o líder, é um terrorista.


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